Está uma noite daquelas aborrecedoras, em que tenho
muitas tarefas da escola mas não sei por onde começar. Me fiz a uma rede
social, e a minha página me dá a indicação de alguém que gosta de uma foto
minha.
Ela estava ainda “Online”.
Eu disse a ela “o céu e o mar vivem em seu olhar, e
muitos arco-íris voam sobre si”.
Foi o começo de uma metade de conversa.
Perguntou-me ela -
“quem és tu?”
Respondi -
“Ninguém! Mas se me amares posso me tornar alguém.”
E de seguida ela me mandou um daqueles “smiles” irônicos,
que dão a impressão de um “ha-ha-ha-ha”, mas no fundo eu senti que ela sorriu,
pelo tempo que durou para mandar o smile.
“Você é poeta?” – perguntou ela.
Eu respondi no meu mais simplório jeito de ser “todos somos poetas, quando o coração
tem algo para dizer...” e me calei no fingimento mais amargo, de quem não tem
muito a comentar.
De seguida ela me escreveu “aprazível
é o seu jeito...alma aberta, chuveiro ao ar livre, em dia de sol rubro. Tão
raro! Você é uma raridade erguida entre os homens! Eu respeito a sua honestidade
e a profundidade de suas idéias.”
Esses são os dizeres que mais me amoleceram a alma na
noite de hoje, dizeres perante os quais não se pode ficar sem dizer nada.
E agora?!
Despedi-me de emergência porque o compromisso de estudar
para a prova me esperava, e deveras prometi voltar amanhã.
Tinha realmente que dizer algo ainda desmedido “Adeusinho,
minha semente de cacana(1 amadurecida,
casca de canho(2 amarelo, incenso de batata alaranjada e limão doce.
Ela sorriu em um “smile” bem prolongado e escreveu “tu és
romântico. A moda maluca, mas romântico!”
E eu fui “Offline”, ansioso para voltar com brevidade a este pedaço de
prosa.
(1 - termo moçambicano usado para designar a planta, Momordica balsamina,
(2 - fruto da planta Sclerocarya birrea (ou caffra), ocanho (do ronga nkanye, segundo [PM]) - moçambicanismo. É deste fruto, conhecido nos
países vizinhos como marula, que se faz o conhecido licor Amarula.
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